“Em
Matosinhos termina mais um dia de trabalho. As engrenagens das máquinas
precisavam de descanso. Lentamente foram parando, até o óleo secar, a ferrugem
se instalar, os telhados ruírem e só as paredes ficarem. Sucumbida a indústria,
a fábrica foi esquecida. Tornou-se um imbróglio, um fardo a carregar pelo olhar
de quem passa.
Hoje,
cansaram-se de descansar. Das ruínas nascem novas culturas, novas
possibilidades, novos desafios. Nesta segunda vaga ao revés do mar acontece a
terceira edição do Desenlata – Festival de Arte Independente de Matosinhos –
com ânsia de revivalismo dos espaços, das pessoas e da indústria.
Em
Setembro, cria-se um circuito de arte ao ar livre, longe e à revelia daqueles
que nos representam, somos orgulhosamente independentes. Desenlatam-se lugares
esmorecidos na memória, prontos a consumir pela efervescência de artistas
urbanos locais, nacionais e estrangeiros.
Aumenta-se
o desejo pela cidade, pela sua história e identidade, a urbe mais do que
apetecível torna-se inspiradora.”
Desenlata, Setembro de 2017
Não
há duas sem três. Este ano, de 2 a 5 de Setembro, a terceira edição do
Desenlata – Festival de Arte Independente de Matosinhos – saiu às ruas. Lapiz,
Third, Heitor Corrêa, Manuela Pimentel, Jas, Padure, Samina, The Caver, Godmess
e Hazul foram os artistas convidados a participar na Street Art Tour. Houve
mais: mural colectivo, visitas guiadas e uma exposição
Ana Rocha: Na
qualidade de curador, Filipe Granja define o Desenlata como um festival de arte
independente. Independência: que implicações para esta palavra?
Filipe Granja: Independente, quer dizer que pagámos as nossas próprias contas e tomámos as nossas próprias decisões. Não existindo qualquer entidade ou instituição a moldar as nossas ideias e conceitos. É bonito de se dizer, mas na prática implica um esforço pessoal e financeiro enorme. Os preparativos começam com meses de antecedência, dependendo o festival da boa vontade e tempo disponível de todos os intervenientes. Temos utilizado o formato crowdfunding, reproduzindo em prints e t-shirts, imagens cedidas por artistas, de forma a diluir os custos.
A.R.: Que relação entre o Desenlata – Festival de Arte Independente – e a Câmara Municipal de Matosinhos?
F.G.: A relação entre o Desentala e a autarquia é bastante recente. Desde a 1ª edição, que vimos a apresentar antecipadamente o nosso programa a esta entidade, no entanto só nesta última edição conseguimos o seu apoio institucional (licenciamentos e cedência de espaço).
Filipe Granja: Independente, quer dizer que pagámos as nossas próprias contas e tomámos as nossas próprias decisões. Não existindo qualquer entidade ou instituição a moldar as nossas ideias e conceitos. É bonito de se dizer, mas na prática implica um esforço pessoal e financeiro enorme. Os preparativos começam com meses de antecedência, dependendo o festival da boa vontade e tempo disponível de todos os intervenientes. Temos utilizado o formato crowdfunding, reproduzindo em prints e t-shirts, imagens cedidas por artistas, de forma a diluir os custos.
A.R.: Que relação entre o Desenlata – Festival de Arte Independente – e a Câmara Municipal de Matosinhos?
F.G.: A relação entre o Desentala e a autarquia é bastante recente. Desde a 1ª edição, que vimos a apresentar antecipadamente o nosso programa a esta entidade, no entanto só nesta última edição conseguimos o seu apoio institucional (licenciamentos e cedência de espaço).
A.R.: Que
tomada de posição assume o Desenlata perante a só agora estabelecida relação
entre o Festival de Arte Independente e a Câmara Municipal de Matosinhos?
F.G.: O Desentala assume-se como um festival de arte que pretende lembrar a importância da indústria conserveira na história e identidade de Matosinhos, assim como alertar para o valor e utilidade dos edifícios devolutos das ex-conserveiras, que abundam em Matosinhos Sul. Na medida em que entendemos o nosso trabalho quase como serviço público para a cidade, na existência de apoios ou parcerias, continuaremos a fazer acontecer. A indústria e as fábricas podem desaparecer, mas a memória não!
A.R.: Em 2018, novamente, no primeiro fim-de-semana de Setembro?
F.G.: Tudo aponta que sim. Mas podem sempre haver surpresas!
F.G.: O Desentala assume-se como um festival de arte que pretende lembrar a importância da indústria conserveira na história e identidade de Matosinhos, assim como alertar para o valor e utilidade dos edifícios devolutos das ex-conserveiras, que abundam em Matosinhos Sul. Na medida em que entendemos o nosso trabalho quase como serviço público para a cidade, na existência de apoios ou parcerias, continuaremos a fazer acontecer. A indústria e as fábricas podem desaparecer, mas a memória não!
A.R.: Em 2018, novamente, no primeiro fim-de-semana de Setembro?
F.G.: Tudo aponta que sim. Mas podem sempre haver surpresas!
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