“Ficamos sempre contentes por ser comparados a
marcas como o Starbucks e o Costa. Podemos ser comparados pelas bebidas de café
– a nossa oferta é parecida com a oferta que eles trazem – mas a Spirito tem
dois acrescentos. O primeiro: o gelado artesanal. O segundo: a confecção. Tudo
é feito por nós. Tudo é feito no dia. Todos os dias.
A Spirito tem os três eixos com a máxima qualidade.”
A Spirito tem os três eixos com a máxima qualidade.”
Ana
Rocha: São sete da
manhã. Onde vou buscar o café?
Nuno
Freitas: Esse horário
não é compatível com o horário do produto fresco de pastelaria, confecionado na
própria pastelaria, uma vez que implica a produção em horário noturno e a Spirito não o defende: queremos pessoas
felizes, contentes e com boa disposição. Para além disso, sentimos também que o
nosso produto não é um produto de pequeno-almoço tradicional português – ao que
chamamos o pequeno-almoço de primeira hora –, para o qual já existe oferta.
A.R.:
O pequeno-almoço de
primeira hora, na Spirito, nunca vai
fazer parte da oferta?
N.F.:
Nunca. Não temos um
produto alinhado com esse horário, pelo que o nosso formato é outro. Em hipótese deixamos o pequeno-almoço de
segunda hora, a meio da manhã. Aqui aparecem croissants
(diferenciados), muffins e brownies e isso, provavelmente, nesta
loja, já vai acontecer.
A.R.: Nesta loja, porque a primeira abriu em Braga…
N.F.: Braga, Guimarães e Porto. A Spirito Guimarães e a Spirito Porto eram, na altura, duas
lojas franchisadas que, por não funcionarem como queríamos, vimo-nos obrigados
a fechar. Há outra, sazonal, em Matosinhos. Essa está fechada durante o Inverno
– abrirá, novamente, no próximo verão. Neste momento, estamos a estudar a
possibilidade de, durante o Inverno, a abrir numa universidade – quiçá
Universidade do Porto, quiçá Universidade do Minho. Portanto: meio ano em
ambiente universitário, meio ano em ambiente de praia.
A.R.: O que é que correu mal com o franchising?
N.F.:
Podemos falar sobre
isso. Acredito que, nesses casos, o melhor é mesmo assumir – por muito mau para
que possa ser para a marca (fechar lojas), porque… é! A Spirito tentou negociar com os franchisados,
por forma a manter as lojas abertas: propôs-se a manter a equipe e a assumir
todos os encargos da loja. Infelizmente, não aconteceu. Não conseguimos chegar
a um acordo. O que correu mal foi, sobretudo, o facto de tentarem sacrificar o
que é característico da marca em prol de objetivos financeiros. O conceito Spirito não tem que ver com dinheiro,
tem que ver com o construir de algo. A Spirito
é uma experiência. O nível de exigência – a qualidade do produto, o
atendimento ao cliente, a construção do conceito – não se pode desconstruir à
custa de coisas que são características da marca.
A.R.:
A Spirito Porto era diferente da Spirito
Braga…
N.F.:
Sim. Nós não queremos
isso. Queremos que as pessoas trabalhem aqui porque gostam de trabalhar aqui;
queremos garantir que a forma como tratamos as pessoas é a forma como
gostaríamos de ser tratados; queremos que as pessoas gostem de trabalhar; isso
é construir algo. E há pessoas, aqui, que são muito importantes, mesmo que não
nos acompanhem desde a altura da fundação. O Marco, por exemplo – um dos baristas
de Braga – é uma pessoa cuja presença é fundamental, em todos os passos.
A.R.:
Como constroem a
experiência para os baristas?
N.F.: A equipe partilha um ambiente familiar,
informal. Não há, por exemplo, um produto que seja exposto em loja sem que
todos os empregados o tenham provado. Na Spirito, nós envolvemos a equipe naquilo
que fazemos, e isso torna a experiência mais especial. Às vezes é preciso dizer
que o cliente não tem razão – porque às vezes, efetivamente, não tem. E
reconhecer isso protege quem trabalha connosco. Isso é trabalho em equipe. A
equipe está em primeiro lugar.
A.R.:
Quantos compõe,
atualmente, a equipe?
N.F.:
Atualmente são 26
pessoas.
A.R.:
Há perspetivas de abrir
a Spirito em mais cidades do país,
durante o ano?
N.F.:
Há a possibilidade de
abrir em Lisboa mas, neste momento, estamos focados no Porto.
A.R.:
A Spirito Porto não é franchising?
N.F.:
Não, não há mais
franchising na Spirito. A experiência
foi suficiente. Decidimos ser mais cautelosos. Pode acontecer que se
estabeleçam parcerias internacionais – estamos a estudar algumas – mas, em
Portugal, só vão existir lojas próprias. Isso é garantido.
A.R.:
A pastelaria varia diariamente?
N.F.:
Há produtos que são
clássicos – o brownie, o red velvet e o (algum sabor de) cheesecake – e há, também, variações. A Spirito quer surpreender o cliente. As pessoas
estão tão cansadas de tudo o que as rodeia. Ao entrar aqui, devem ficar
surpresas. A Spirito é uma
experiência, não é (só) o produto. E é
por isso que, nesta loja, vamos lançar também um novo conceito. O Sweet Room. Uma vez por mês, vamos
convidar um chefe de pastelaria – um dos melhores, português e/ou internacional
– e vamos servir uma degustação de sobremesas. De momento, estamos a acordar
datas. Vamos investir, naturalmente, sem perspetivas de lucro imediato. O custo
não é compensado pela receita do dia, mas é um evento inovador em Portugal.
A.R.:
Como é que surgiu essa
ideia?
N.F.:
Diz-se que os grandes
chefes, em Portugal, são muito fechados. Nós queremos mudar isso.
A.R.:
De que forma molda o
Porto a experiência Spirito?
N.F.:
O Porto é uma cidade
com muito tráfego e, porque tem mais turistas, permite-nos expandir
internacionalmente. Para além disso, esta loja representa uma evolução da
marca. A cada cinco anos, a Spirito sofre
reformulações de imagem, e esta loja é o resultado disso.
A.R.:
Merchandising: sim ou não?
N.F.:
Estamos focados em
entrar em áreas de merchandising,
dentro do nosso target. Para nós é
estranho, aliás, referirmo-nos à Spirito
exclusivamente como pastelaria.
A.R.:
O que é a Spirito, então?
N.F.:
A Spirito é… Spirito. Não
há um outro conceito que a defina. E, se calhar, esse é um dos segredos: não
nos encerramos numa baliza.
A.R.:
Que acção devem os
leitores tomar?
N.F.:
Desafiem-nos. Sempre.
Praça
Gomes Teixeira, 36
4050-290,
Porto
mail@spiritocupcakes.com
Fotografia:
Eliesley Soares
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