domingo, 8 de janeiro de 2017

LIVRARIA LELLO



A Livraria Lello foi fundada, em 1881, por José Lello e António Lello. Os dois irmãos abriram uma livraria que não era esta livraria – estava localizada na Rua do Almada, n.º 244, no Porto – quando, no início do século XX, decidiram construir uma livraria de raiz.
Este edifício, inaugurado em 1906, é considerado por muitos como uma das mais bonitas livrarias do mundo e tem a particularidade de não ser uma adaptação. Foi erguida para o uso que tem e que sempre teve, o de ser uma livraria. 


Recentemente, a Livraria Lello tem sido referida em rankings internacionais e tem-se criado uma ligação muito grande com J.K. Rolling, autora de Harry Potter.  Ainda que a escritora, em biografias oficiais, jamais se tenha referido à livraria, há coincidências curiosas. O seu primeiro livro, por exemplo, tem por nome “Harry Potter e a Pedra Filosofal”. Ora, a Pedra Filosofal é um poema de António Gedeão.

Ana Rocha: Como é que a Livraria Lello moldou o Porto?
Manuel de Sousa: A Livraria Lello foi muito importante para a vida cultural da cidade – não só do Porto, como da própria Lusofonia, principalmente do Brasil. Atualmente, é uma das grandes atracções turísticas do Porto. Recebemos – o número varia de acordo com a época do ano – entre mil a 3 mil visitantes por dia.
A.R.: Quem são os grandes consumidores: portugueses ou estrangeiros?
M.S.: Estrangeiros. À cabeça deles, os espanhóis. Depois os franceses, os portugueses, os brasileiros… E, por fim, todas as nacionalidades do mundo. Somos, a propósito, responsáveis por 73% da literatura espanhola vendida em Portugal.
A.R.: Que autores se destacam em vendas?
M.S.: J. K. Rolling, Antoine de Saint-Exupéry – O Principezinho –, Saramago e Fernando Pessoa.
A.R.: De que forma é que a Livraria Lello – que é uma livraria de rua – se adapta ao mundo online? 
M.S.: Há vários pontos a considerar. Em primeiro lugar parece-me que a internet, com os suportes que oferece, representa um desafio que é transversal a todas as áreas de comunicação – inclusive aos jornais. Ora, a Livraria Lello não vende livros online: apenas o voucher de entrada na livraria. Acredito que o livro ocupa um lugar importante e, até certo ponto, insubstituível. A textura, o cheiro e a mobilidade que um livro permite não são facilmente transpostos para outros suportes, pelo que as pessoas continuam a valorizá-lo. E mesmo que, no futuro, essa tendência se altere por completo, haverá sempre alguém que procura o que é mais tradicional. Seja como for, pelo menos para já, o livro não corre o risco de desaparecer.


A.R.: Há, por parte da Livraria Lello, um apelo à tradição?
M.S.: Não é propriamente um apelo à tradição. A verdade é que o livro continua a vender. Como disse, ainda não foi encontrado um formato que substitua satisfatoriamente o livro. O livro continua, por isso, a ser o suporte ideal na apresentação e difusão da informação, do conhecimento e do entretenimento.
A.R.: A Livraria Lello já tentou entrar em contacto com J. K. Rolling?
M.S.: A Livraria Lello, diretamente, não. No entanto, sei que há um projeto – da própria cidade – para a contactar. Não sei se se irá concretizar ou não. Pessoalmente, parece-me interessante que a autora faça as pazes com o Porto e que, idealmente, reconheça a grande influência da Livraria Lello sobre a sua obra (risos). Estou a brincar... Mas seria muito bom que ela nos visitasse um dia.

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