Ana
Rocha: Quem é a Beatriz
Barros?
Beatriz
Barros: Sou Designer de
Comunicação, fiz a formação académica na ESAD – Escola Superior de Artes e
Design – e sou a fundadora da mishmash, uma marca que começa como uma tese de Mestrado.
Lancei a mishmash com poupanças pessoais que tinha acumulado com o objectivo de
comprar alguns bens para uma primeira
casa e agora brinco com a minha mãe “vês, mãe, os eletrodomésticos,
tenho-os na mesma”.
A.R.: O que é a mishmash?
B.B.: É uma marca de material de escritório. Começa
na faculdade mas, para mim, nunca foi um projecto de escola. Nunca foi, também,
o trampolim a partir do qual me imaginei a dar o salto de estudante
universitária para empresária. Nunca foi esse o meu objectivo porque acredito
que o sucesso resulta de uma motivação natural a partir da qual as coisas
acabam por fluir. Eu entrei para o negócio sem me aperceber de que estava a
entrar para o negócio.
A.R.: Quando surge essa consciência?
B.B.: Eu abri a mishmash – empresa – em Junho
de 2015 e foi um ano mais tarde que surgiu essa consciência, a de que eu realmente
tinha criado uma empresa e que não iria fechar tão cedo.
A.R.: Identificas-te com o termo
empreendedor?
B.B.: Identifico-me mas acho que a palavra
caiu em uso excessivo, pelo que diria que tenho iniciativa e gosto de executar.
A.R.: Como te defines, então?
B.B.: Sou empresária. Faço contabilidade,
desenvolvo o produto, sou comercial, sou assistente de vendas, marketeer, gestora de redes sociais…
A.R.: Podemos dizer que a mishmash é personalidade,
história de vida e formação?
B.B.: Sim, exactamente, acho que é isso que
acontece, de um modo geral, hoje em dia. As pessoas aproveitam o que aprendem
mas não precisam de ficar dentro daquelas quatro linhas para o aplicar. O Design é um campo em que isso é (muito) evidente
porque o designer pode ser o que
quiser: o designer, sinto, adapta-se
a qualquer situação (tem que ter capacidades, claro).
A.R.: Porquê Design de Comunicação?
B.B. O meu avô abriu, nos anos 90, uma papelaria
que se tornou influente no Grande Porto e eu passei os meus fins-de-tarde,
depois da escola, lá, a mexer em papéis, a embrulhar, a tirar fotocópias, a desencravar
as máquinas de impressão... Toda essa nostalgia – os envelopes antigos, os papéis
antigos, a encadernação – entusiasmaram-me a fazer Design de Comunicação, mas
eu não sou a designer de comunicação clássica, porque um designer de
comunicação faz design – de verdade! – e eu faço isso mas também faço 1000
outras coisas. Estamos, aliás, a ponderar lançar novas gamas de produto que entram
no campo do Design do Produto, como estojos e armários de pequena e média
dimensão.
A.R.: Há quanto tempo está, a mishmash, no Mercado
de Matosinhos e como é que aconteceu?
B.B.: Eu formei, com outros colegas, o
Another Colective – que é um estúdio de design – e a mishmash cresceu ali. Eu
estava no Another Colective e estava a formar a mishmash. Eventualmente tive
que me decidir. É a Escola Superior de Artes e Design que gere estes espaços e
eu fui convidada a ocupar um. Estamos aqui há um ano.
A.R.: A mishmash é especialista em notebooks.
As agendas?
B.B.: Ainda não lançamos agendas porque
envolvem muito conteúdo e eu, pessoalmente, não quero adicionar o que não
acrescenta valor. Em todo o caso, estamos prestes a lançar uma timeless
planner que é um híbrido entre notebook e planner – é um notebook
com rodapé com possibilidade marcação temporal – para oferecer a oportunidade
ao nosso cliente de utilizar um planner mishmash.
A.R.: Em que outros projectos é que estão
envolvidos?
B.B.: Nós trabalhamos de várias formas: temos
linha própria e temos, também, as colaborações que fazemos com empresas de
forma a desenvolver projectos personalizados.
A.R.: Que relação com o Euskalduna? Como se
cruzam a Gastronomia e o Design?
B.B.: O The
Art of Plating é um blogue americano de gastronomia – de plating, na verdade, de empratamento –
com influência quer na américa, quer nas redes sociais e a mishmash decidiu
fazer um recipe notebook em conjunto
– um livro de receitas – com dois eventos para promover esses notebooks em Portugal. O evento
aconteceu também aconteceu em Los Angeles – com os gestores do blogue – e vai
acontecer, ainda, no Canadá. Um dos nossos eventos no Porto foi no Euskalduna,
o restaurante do Vasco Coelho Santos, e essa é a nossa ligação.
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