Pensei
que a liberdade vinha com a idade
depois pensei
que a liberdade vinha com o tempo
depois pensei
que a liberdade vinha com o dinheiro
depois pensei
que a liberdade vinha com o poder
depois percebi
que a liberdade não vem
não é coisa que lhe aconteça
terei sempre de ir eu.
que a liberdade vinha com a idade
depois pensei
que a liberdade vinha com o tempo
depois pensei
que a liberdade vinha com o dinheiro
depois pensei
que a liberdade vinha com o poder
depois percebi
que a liberdade não vem
não é coisa que lhe aconteça
terei sempre de ir eu.
Sónia Balacó
Um século de investigação em
torno da inteligência não foi suficiente para clarificar a delimitação
psicológica deste constructo. Sabemos que há convergência de factores genéticos
e culturais, mas não conseguimos apontar, ainda, a percentagem de contribuição
de uns e de outros no desempenho total (Almeida, Guisande e Ferreira, 2009).
Carol Dweck propõe a
existência de duas concepções opostas da inteligência – a concepção estática e a concepção dinâmica – que
se “têm revelado muito importantes, porque influenciam o pensamento e a acção
dos indivíduos, sobretudo em contextos de realização, logo, afectam a escolha
dos objectivos de realização, as atribuições causais para os resultados
(sucessos ou fracassos), a eficácia da realização e a forma como é
interpretada, com impacto nas expectativas de realização futuras” (Faria,
2014).
A concepção estática traduz
crença de que a inteligência é um traço fixo e estável, um conjunto de
competências que o indivíduo dificilmente pode alterar ou controlar; promove a
adopção de objectivos centrados no resultado, baseados na demonstração de
competência através do evitamento do fracasso, bem como na prossecução de
padrões de realização de desistência.
A concepção dinâmica incorpora
a crença de que a inteligência é um conjunto dinâmico de competências,
susceptível de desenvolvimento através do investimento e do esforço pessoais,
logo, controlável; promove a adopção de objectivos centrados na aprendizagem,
baseados no desenvolvimento e promoção da competência, mesmo que tal
investimento confronte o indivíduo com o fracasso, bem como na prossecução de
padrões de realização de persistência.
Os processos de socialização são
decisivos para as concepções pessoais de inteligência e “o desenvolvimento da
inteligência (…) requer a incorporação das normas e dos valores sociais que
determinam os critérios de sucesso ou de fracasso, (…) não podendo, portanto,
ser concebido independentemente dos valores sociais e dos objectivos da cultura”
(Faria, 2004).
Comportamentos de realização
distintos, na mesma cultura, podem ser explicados por factores relacionados com
a diferenciação de género. Por exemplo:
×
As raparigas manifestam menor satisfação com os
seus sucessos e evidenciam expectativas mais baixas;
×
As raparigas têm a sensação de controlar menos
o seu destino;
×
As raparigas apresentam menor autoestima no domínio
da realização;
×
As raparigas internalizam mais os fracassos,
culpando-se por eles, e externalizam mais os sucessos, atribuindo-os à
influência dos outros;
× As raparigas têm expectativas de sucesso mais
baixas do que os rapazes, nos domínios da realização escolar, desportiva, de
competência motora ou outras.
Se a inteligência, assim como
a liberdade, pode, afinal, ser uma questão escolha… Há que libertar as
raparigas.
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